07/12/2015

Aceitar - se


   Antes eu me autojulgava muito por não ser como todas as outras meninas que conhecia, todas pareciam ser mais bonitas que eu em minha opinião. Eu sentia que sempre ficava para trás, então sentia a necessidade de ser como elas, fazer tudo que elas faziam, usar as mesmas roupas, cheguei a um ponto de querer falar igual a alguém, pois na minha cabeça se eu fosse pelo menos um pouquinho parecida com as minhas "amigas", eu estaria sendo normal. 

Eu me sentia a esquisita, eu era a que nunca saía, a que tinha o corpo mais feio, a única que tinha cabelos encaracolados e usava óculos. E o pior de tudo é que eu mesma que inventava essas coisas, e acreditava nelas como se isso fosse real.
Então eu resolvi mudar totalmente quem eu era, comecei a usar roupas que eu não me sentia confortável para ser mais parecida com alguém, alisei meu cabelo e perdi meus lindos cachinhos, comecei a ouvir outros tipos de músicas, "gostar" disso ou daquilo.

Mas com o passar do tempo eu percebi que quanto mais eu me esforçava para ser como elas, mais eu me perdia de mim mesma, cheguei a um ponto que eu me perguntava "quem eu sou?" e não tinha respostas para essa pergunta, não sabia mais no que eu acreditava, nem o que gostava, então pude ver que esse negócio de sentir a necessidade de ser como os outros só estava me prejudicando.

Eu precisava mudar, precisava a voltar a descobrir quem eu era, e dai veio uma longa jornada de altos e baixos. Eu não sabia se gostava de azul ou de rosa. Ah, mais a fulana gosta de azul porque é a cor do céu, mas também a ciclana gosta de rosa desde que nasceu. E eu? Gosto de que?

Precisei testar as coisas, ouvir um rock pesado e depois ouvir um samba para ver qual EU preferia. Passar um batom vermelho ou não passar batom para ver com qual eu me sentia melhor.
E eu fui fazendo isso por praticamente um ano, até eu ter certeza de algo e poder falar com orgulho EU GOSTO DE TAL COISA, sem me importar se outra pessoa não goste. Tive que aprender que cada pessoa é de um jeito, isso soa tão clichê, mas é a mais pura verdade. 

Lembra quando sua mãe falava "você não é todo mundo", ela estava totalmente certa, eu não sou todo mundo, não é porque todo mundo gosta de alguma coisa que eu preciso gostar, e também não vejo problema se eu gostar de algo comum, que todo mundo goste, desde que eu goste daquilo por mim, não por qualquer outra pessoa ou coisa.

Minha mãe teve um função importante durante isso tudo, ela sempre me dizia "Stephany, você precisa se aceitar" e eu falava que estava fazendo por mim, mas na verdade eu sabia que era para mim ser igual a uma coleguinha.

Depois de muito choro, hoje posso dizer quem eu sou tranquilamente, demorou, mas eu aprendi que as vezes temos que ser um pouquinho egoístas e fazer as coisas apenas por nós próprios, isso meu vô sempre falou isso , e só agora eu fui ver o tamanho da razão que ele tem, temos que primeiro de tudo colocar em nossa mente, que somos lindos dos jeitinho que somos, e aceitar nossas características. 


Se hoje você ver eu e minhas amigas andando na rua, tem todo o tipo de garota, a baixinha e a altinha, a magrinha e a gordinha, a morena e a branquinha, e não ligamos pra isso, pois nos aceitamos do jeito que somos, sabemos que somos especiais e nos achamos bonitas até com nosso defeitinhos. 

Com tudo isso quero dizer que, eu sei o quão difícil é se achar diferente, achar que você não se encaixa em algum grupinho, e na maioria das vezes isso é coisa da sua cabeça. Eu costumo guardar as coisas pra mim, então eu sofri sendo diferente, sofri tentando mudar, sofri para entender que eu não sou igual a outra pessoa, custei para me reencontrar, e hoje, finalmente, eu me aceito. 

Se você pensa em mudar por alguém, não faça isso, acredito eu que esse seja o primeiro passo para a auto-destruição, você pode tentar se enganar mas lá no fundo você não vai estar contente consigo mesma, e isso é tão doloroso, e hoje eu vejo que perdi tanto tempo da minha vida tentando ser como alguém, esse tempo que eu poderia ter usado para mim mesma, mas foi desperdiçado.

Tente encontrar o que você mais gosta em si mesma, e torne isso ao seu favor, se veja linda, se sinta linda, pois você não é nada menor que isso.

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